quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nunca é tarde para aprender. O saber compensa

Depoimento de Miraldina Diogo publicado a 27 de Março de 2009 na Gazeta de Lagoa



Chamo-me Miraldina Ramos Diogo e estou aposentada desde Novembro de 2005. Um dia pensei – será que sou capaz de fazer o reconhecimento do 12º ano no processo das Novas Oportunidades?
Dia 12 de Março de 2009, estive presente um Júri de Certificação, a fim de Reconhecer Validar e Certificar as minhas competências ao nível do 12.º Ano. Peço perdão pela minha imodéstia mas, sinto-me muito orgulhosa por ter conseguido chegar a este patamar. Não poderei dizer que não foi um sonho, um sonho que achava inalcançável, pois sempre desempenhei funções com alguma responsabilidade, assumindo o risco e apostando na minha capacidade. As minhas habilitações não foram adquiridas na escola formal, mas sim na escola da vida.
Quando terminei o meu processo do RVCC para a validação e certificação do 9º ano, fiquei tão feliz que nem pensei que poderia reconhecer também o 12º ano. Até que um dia, decidi reinscrever-me no Centro Novas Oportunidades, para então reconhecer o 12º ano.
Desconhecendo por completo o processo, fiquei com grande expectativa porque o meu percurso de vida já tinha sido descrito na validação do 9º ano. Assim, quais seriam agora os critérios exigidos? Era esta a pergunta constante que vinha ao meu pensamento…
Quando assisti à primeira sessão de descodificação do Referencial em Cidadania e Profissionalidade, não achei que fosse particularmente difícil, mas quando o mesmo se alargou para as áreas de Sociedade, Tecnologia e Ciência e Cultura Língua e Comunicação, fiquei com muitas dúvidas, tendo inclusivamente havido uma altura em que pensei que não seria capaz. Foi um processo complicado, até que uma formadora me fez compreender que todos os temas tinham afinal a ver com o meu percurso de vida e com as minhas vivências. Aí, comecei a redescobrir um passado tão distante. Possivelmente, se não fosse este processo, nem mais recordaria as experiências que fizeram parte de mim.
Hoje, posso dizer que valeu a pena todo o tempo que investi no processo. Aprendi bastante, sinto-me uma pessoa muito mais preparada culturalmente e muito melhor formada em assuntos que por vezes me passavam ao lado, sem que lhes desse a devida importância.
Não poderei deixar de mencionar o meu percurso profissional, e toda a formação que a minha entidade patronal me proporcionou, enriquecendo-me como pessoa e como profissional – e aprendi bastante deste modo, ao longo da minha vida. Essa aprendizagem também me foi muito útil para a organização do meu portefólio.
Apesar da experiência enriquecedora, tenho alguma pena que esta oportunidade só me tenha surgido aos 60 anos, pois descobri que gosto muito de aprender, não tendo sido um sacrifício a ocupação dispendida com os trabalhos realizados. Houve, surpreendentemente, momentos em que me senti criança, adolescente e mulher, pelo que julgo ter merecido esta oportunidade na minha juventude. Na verdade nunca pensei que os retalhos da minha vida fossem tão importantes, que me fossem tão úteis para a formação do meu portefólio, ou seja, o livro da minha vida. Partilhei os meus conhecimentos, as minhas vivências de criança e jovem, e que nada têm a ver com os tempos de hoje.



“O primeiro passo para conseguirmos o que queremos na vida, é decidirmos o que queremos.” Ben Stein


Miraldina Ramos Diogo

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